segunda-feira, julho 04, 2011

ABERTO DO BRASIL HOMENAGEIA VICTOR ADAMOWSKI!

Veja o que representa Victor Adamowski para o Xadrez paranaense em especial para o xadrez de Maringá em entrevista concedida à Johnny Katayama, com colaboração de Jair Osipi.

Campeão Paranaense do interior, vice-campeão brasileiro de aspirantes, 12 vezes campeão dos Jogos Abertos do Paraná. Até 2004, ano em que se aposentou definitivamente da seleção maringaense de xadrez, não existia enxadrista no Paraná que nunca tivesse ouvido falar no nome de Victor Adamowski.


O xadrez entrou na vida de Adamowski quando ele tinha pouco mais de 10 anos, e foi literalmente uma caixinha de surpresas. Era comum na época colecionar álbuns de figurinhas e, para cada coleção completada, era possível trocar o álbum por um prêmio. Quando o jovem Victor Adamowski finalmente conseguiu todas as figurinhas para trocar por uma bola de futebol – seu sonho de consumo à época -, foi informado pelo dono da loja que as bolas haviam acabado, o único prêmio que restava era um jogo de xadrez. Parecia que o destino conspirava para o surgimento do grande enxadrista que viria a se tornar.
Foi com esse primeiro tabuleiro que ele aprendeu os primeiros movimentos das peças, e desde então nunca mais largou delas. Além de uma carreira com incontáveis títulos e troféus, possui no currículo um recorde que ainda vai perdurar por longos anos: 45 participações nos Jogos Abertos do Paraná. Desde 1957, ano da 1ª edição dos JAPs, até sua aposentadoria do esporte em 2004, esteve presente em todas as edições do torneio.
Em uma época que não existiam programas de computador e arquivos online das partidas, Victor Adamowski tornou-se uma verdadeira enciclopédia do xadrez. Apaixonado pelo esporte, ele adquiria inúmeros informadores, revistas e livros da época, anotando as variantes que mais lhe agradavam em cadernos. Ao todo, foram mais de 200 cadernos preenchidos com o conhecimento enxadrístico adquirido por seus estudos. Ainda hoje, os cadernos teóricos de Victor Adamowski são uma excelente fonte de conhecimento para quem tem o privilégio de consultá-los.
Adamowski entrou para a equipe de Maringá em 1963, ano que a cidade foi sede dos JAPs. Desde então, assumiu o posto de principal jogador do time, mantendo-se na equipe por duas (alguns consideram até mesmo três) gerações de enxadristas. Tamanho era o respeito que adquiriu como jogador que a organização dos Jogos Abertos do Paraná instituiu, nos anos 80, o Troféu Victor Adamowski, que seria entregue à primeira cidade que vencesse o torneio de xadrez por 3 anos consecutivos. Logo após o troféu ser criado, Maringá acabou ficando com a posse definitiva do troféu.

Quando foi seu primeiro torneio?
Foi em 1949, quando fui campeão do interior e acabei indo para Curitiba disputar o Campeonato Paranaense. O campeão sairia de um melhor de 7, e acabei perdendo de 4 a 0. Naquela época, meu adversário disse que eu tinha uma boa intuição para o xadrez, mas ainda me faltava teoria. Foi aí que eu comecei a comprar livros de xadrez e estudar.

Foi a partir daí que surgiram seus cadernos teóricos?
Comecei a comprar livros, informadores, vários materiais sobre xadrez. Sempre que encontrava algo interessante, anotava em um caderno. Por fim, um caderno acabou sendo pouco para escrever tudo, acabei comprando outro, e mais outro, e assim foram mais de 200 cadernos.

E quando você começou a disputar os Jogos Abertos do Paraná?
A primeira edição dos jogos foi em Londrina, em 1957, em Londrina. Na época, eu jogava por Paranavaí. Eram 3 jogadores por cidade naquela época. Eu venci todas as partidas, mas geralmente nós perdíamos por 2 a 1. Só consegui ser campeão quando comecei a jogar por Maringá.

E como foi sua vinda para a cidade?
Foi meio que por acaso. Estava visitando alguns parentes em Maringá, mas tinha planos de ir morar em Apucarana. Foi quando encontrei o Rubens Carlos de Jesus [tio de Jomar Egoroff, atual capitão da seleção de Maringá], que jogava por Maringá e me convidou a ficar. Acabei ficando na cidade, entrei para o time, que também tinha o Dr. Queenti Matsuura [pai do GM Everado Matsuura], e formamos um time competitivo.

Além de jogador, você também se tornou treinador em Maringá?
Sim. No início, como eu era mais experiente, passava o que eu sabia para meus colegas de time. Depois foram surgindo outras pessoas, alguns mais novos. O Jair Osipi e o Jomar Egoroff, por exemplo, que desde o começo já mostravam que eram diferenciados. Depois surgiu uma nova leva com o Leonardo Facci, o Victor Yamamura, os Kakitani…

E desde que você chegou em Maringá, em 1963, nunca mais saiu do time?
Disputei todas as edições dos Jogos Abertos do Paraná até 2003 [em 2004, apesar de estar oficialmente inscrito na competição e ter o título de vice-campeão naquele ano, Adamowski não viajou com a delegação para Foz do Iguaçu]. Joguei ao lado de muita gente. O Rubens [Rubens Carlos de Jesus] que até já faleceu, o Dr. Queenti [Queenti Matsuura]. Alguns anos depois conheci o Herman Claudius [MI Herman Claudius Van Riemsdijk] em um torneio em Minas Gerais, e ele acabou vindo morar e jogar por Maringá. Teve uma edição que Maringá não tinha time para competir. Eu chamei dois jogadores e inscrevi meu neto para jogar na equipe. Que esporte permite que você jogue lado a lado com um neto? Só no xadrez mesmo.

Qual é o título que você considera o mais importante da sua carreira?
O de Vice-Campeão Brasileiro de aspirantes, em 1967. O torneio foi em Juiz de Fora – MG. Naquela época, me lembro de ter conhecido o Itamar Franco, que era o prefeito da cidade naquela época, e acabou se tornando Presidente da República.

Mais informações acesse: Xadrez Maringá.

Confira o resultado final da competição. Em breve mais matérias especiais e fotos.

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